19/07/09

As minhas crises existenciais versão 1.2

Beber finos e comer percebes a tarde toda ou ir à praia torrar até serem horas de jantar?


Maria Rita - A festa

09/07/09

Já foste puta?

Um dia ditaram-me para um caderninho:

"A minha namorada é uma puta porque tudo o que me dá é pago com amor!
Mas eu sei que é fiel porque não há amor como aquele com que eu lhe pago... E eu também sou uma puta porque todo o amor que lhe dou é pago com amor e não haverá outro amor porque não há amor mais valioso que o nosso!"

.

Lembras-te?



Stevie Wonder - Master Blaster
Sabes aquele medo terrível de desapontares alguém? Quando sentes que tens de fazer alguma coisa não pela realização pessoal que isso te vai trazer mas sim pelo orgulho e satisfação que vais provocar em alguém? Não nasci talhada para o altruísmo, é certo. Aliás, o meu percurso mostra as marcas de uma vida vivida no egocentrismo da satisfação do eu acima de tudo o resto. Até que chega a um momento em que tudo o que foi depositado em mim é cobrado e o juro invisível não passa duma mão cheia de expectativas que não podem sair frustradas. Pressiona muito mais a desilusão que podemos causar com determinado 'erro técnico' do que propriamente a voz ameaçadora que voicefera um castigo severo. Sinto-me cansada. Porque raio quando nascemos não trazemos um atrelado com tudo o que é necessário para a nossa sobrevivência (incluíndo um baldinho de praia cheio de afectos e emoções)? Assim já não dependeríamos de ninguém a qualquer nível e já não haveria o dito empréstimo que teima em nos atazanar!

05/07/09

Vinte poemas de amor (sem canção desesperada)

- Te acuerdas?
- De nosotros?
- Voy a volver...
- Para siempre?
- Usted sabe que no puedo...
- Y para mí?
- No abandonó nunca.

"Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Escribir, por ejemplo: "La noche esta estrellada,
y tiritan, azules, los astros, a lo lejos".
El viento de la noche gira en el cielo y canta.
Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Yo la quise, y a veces ella también me quiso.
En las noches como ésta la tuve entre mis brazos.
La besé tantas veces bajo el cielo infinito.
Ella me quiso, a veces yo también la quería.
Cómo no haber amado sus grandes ojos fijos.
Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Pensar que no la tengo. Sentir que la he perdido.
Oír la noche inmensa, más inmensa sin ella.
Y el verso cae al alma como al pasto el rocío.
Qué importa que mi amor no pudiera guardarla.
La noche está estrellada y ella no está conmigo.
Eso es todo. A lo lejos alguien canta. A lo lejos.
Mi alma no se contenta con haberla perdido.
Como para acercarla mi mirada la busca.
Mi corazón la busca, y ella no está conmigo.
La misma noche que hace blanquear los mismos árboles.
Nosotros, los de entonces, ya no somos los mismos.
Ya no la quiero, es cierto, pero cuánto la quise.
Mi voz buscaba el viento para tocar su oído.
De otro. Será de otro. Como antes de mis besos.
Su voz, su cuerpo claro. Sus ojos infinitos.
Ya no la quiero, es cierto, pero tal vez la quiero.
Es tan corto el amor, y es tan largo el olvido.
Porque en noches como esta la tuve entre mis brazos,
mi alma no se contenta con haberla perdido.
Aunque éste sea el último dolor que ella me causa,
y éstos sean los últimos versos que yo le escribo."

Pablo Neruda

03/07/09

O amor (não pode ser) isto.

Gosto daquela sensação que me deixas. Sentir-me um mero objecto sexual, reduzires-me ao pó e à insignificância, provares-me que 'não és, nem nunca foste nada'. Fazes com perícia e arte de quem sabe do que faz há anos. Choras e deixas-me chorar no teu peito, dizes-me que me lembras, que não me esqueces (que é, apesar da redundância, bastante diferente). Recordas-me do que foi e do que poderia ser. Deixas-me voltar a provar e ouves deliciado que 'tinha saudades'. E no exacto momento em que vez que me rendi, voltas ao teu castelo de facas, e matas-me indiferente e frio.
Se já acreditei que um dia esse castelo desaparecia hoje pouco me importa. Sofro-te outra vez, choro, rezo para que me ligues, me digas que amanhã voltas, que tens saudades minhas, mas aqui, sozinha, sem ti. Amanhã é outro dia e se a gramática diz que uma virgúla seguida de um ponto final é incorrecto, pois eu provarei que assim não o é.